por ANTONIO FLAVIO PIERUCCI
in "O Livro das Religiões" - São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
PROTESTANTISMO
DE IMIGRAÇÃO
Pode-se dizer que o protestantismo aportou de verdade no Brasil, como um fato bruto inelutável, com a chegada dos imigrantes estrangeiros, muitos dos quais eram portadores de protestantismo em sua própria cultura, em seus usos e costumes, em sua vida cotidiana.
(...)
Isso tem a ver diretamente com o Sul do Brasil.
Antes de mais nada, com os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, para onde se dirigiu e onde de fixou, a partir de 1824, um expressivo contingente de imigrantes alemães.
O LUTERANISMO , ramo original da Reforma Protestante, criado por MARTINHO LUTERO (Alemanha), só então chegava ao Brasil.
Mas chegava para ficar.
MP4
Até hoje o luteranismo continua sendo a maior das denominações protestantes históricas existentes no Brasil.
De inicio, sua principal preocupação era com a preservação de si como patrimônio cultural do imigrante alemão.
O luteranismo trazido para o Brasil pelas sucessivas levas de alemães durante o Império era o protestantismo
falado em alemão,
pregado em alemão,
cantado em alemão.
Os primeiros imigrantes alemães, entre 1824 e 1864, eram assistidos religiosamente por leigos no papel de pastores, mas a partir de 1886 as igrejas da Alemanha passaram a enviar pastores para os diferentes pontos da colonização alemã.
Logo se fundou a IGREJA EVANGÉLICA ALEMÃ DO BRASIL, que agrupava algumas dezenas de comunidades só no Rio Grande do Sul.
Em 1904, uma missão luterana de norte-americanos deixaria fundada em seu rastro a IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL, ligada ao Sínodo Luterano de Missouri (EUA).
Depois da 2ª Guerra Mundial, formou-se a IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL.
Os ANGLICANOS e uma parte dos METODISTAS também representam casos típicos de protestantismo de imigração.
Os imigrantes anglicanos que aqui começaram a se estabelecer já a partir de 1810 procuravam formar, em torno de seus 'capelães', comunidades religiosas fortemente coesas mas culturalmente retraídas, empenhadas em preservar a língua materna, as tradições e os vínculos de dependência política e financeira em relação às igrejas de origem.
O protestantismo de imigração constituíam verdadeiros enclaves culturais, desinteressados em se abrir para os brasileiros e sem afã proselitista, retardando sobremaneira o processo de 'nacionalização' dessas igrejas.
Embora ANGLICANOS e EPISCOPAIS sejam de um mesmo ramo, no Brasil do século XIX eram chamadas "ANGLICANAS" só as comunidades de imigrantes britânicos, ao passo que eram ditas "EPISCOPAIS" as comunidades resultantes das missões episcopais vindas dos Estados Unidos.
Por isso os episcopais no Brasil se encaixam na categoria de protestantismo de conversão.
PROTESTANTISMO
DE CONVERSÃO
Os outros ramos do protestantismo histórico hoje existentes no Brasil aqui chegaram com as missões :
os PRESBITERIANOS,
os METODISTAS,
os BATISTAS e
os EPISCOPAIS provenientes dos Estados Unidos.
Por razões econômicas e diplomáticas, o governo imperial viu-se obrigado a afrouxar as restrições legais no campo religioso e, desse modo, facilitar a entrada de outras igrejas cristãs vindas de países desenvolvidos.
- a primeira MISSÃO PRESBITERIANA
(1859),
- a MISSÃO PRESBITERIANA DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS
(1868),
- a MISSÃO METODISTA EPISCOPAL
(1870),
- a PRIMEIRA MISSÃO BATISTA
(1881),
- a MISSÃO EPISCOPAL
(1889) e
- a MISSÃO CONGREGACIONAL HELP FOR BRAZIL
(1893).
LUTERANOS ;
ANGLICANOS, ou EPISCOPAIS ;
METODISTAS ;
PRESBITERIANOS ;
CONGREGACIONALISTAS e
BATISTAS.
Os outros ramos do protestantismo histórico hoje existentes no Brasil aqui chegaram com as missões :
os PRESBITERIANOS,
os METODISTAS,
os BATISTAS e
os EPISCOPAIS provenientes dos Estados Unidos.
Trata-se de igrejas para cá trazidas e aqui implantadas pela palavra de pregadores e missionários enviados apenas com este fim : converter brasileiros.
A dinâmica do protestantismo de conversão é inteiramente diversa da religiosidade dos conclaves sub-culturais de imigrantes estrangeiros.
Aqui prevalece desde o começo a preocupação em 'nacionalizar' os seguidores e as lideranças, o que só se consegue aumentando constantemente o número de 'brasileiros convertidos'.
As missões evangélicas rumo ao Brasil começaram na metade do século XIX. Isso significa que houve brechas para tanto na legislação do Império.
Pioneiras mesmo no trabalho de propaganda evangélica no Brasil foram as SOCIEDADE BÍBLICAS de origem inglesa e norte-americana.
E as missões METODISTAS.
Os metodistas norte-americanos foram praticamente os primeiros a vir em missão evangelizadora. Aqui chegados em 1835, lançaram-se desde logo ao trabalho de conversão, em meio a resistências e dificuldades de toda ordem, sem muito sucesso entre os brasileiros.
Ao lado das sociedades bíblicas estrangeiras, que em duas décadas (1850-60) distribuíram dezenas de milhares de bíblias entre os brasileiros, os METODISTAS também se esmeraram como distribuidores de bíblias.
Dessa obra de difusão das Sagradas Escrituras resultou a criação de uma IGREJA CONGREGACIONAL no Rio de Janeiro (1858).
Outras iniciativas missionárias, todas de procedência norte-americana, foram :
- a primeira MISSÃO PRESBITERIANA
(1859),
- a MISSÃO PRESBITERIANA DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS
(1868),
- a MISSÃO METODISTA EPISCOPAL
(1870),
- a PRIMEIRA MISSÃO BATISTA
(1881),
- a MISSÃO EPISCOPAL
(1889) e
- a MISSÃO CONGREGACIONAL HELP FOR BRAZIL
(1893).
Essas missões tiveram como consequência a formação quase imediata de congregações protestantes com forte inclinação proselitista, voltadas claramente para a conquista de mais brasileiros para o protestantismo.
No final do século XIX, já estavam praticamente implantadas no Brasil todas as denominações clássicas do protestantismo :
LUTERANOS ;
ANGLICANOS, ou EPISCOPAIS ;
METODISTAS ;
PRESBITERIANOS ;
CONGREGACIONALISTAS e
BATISTAS.
PENTECOSTALISMO
Nas primeiras décadas do século XX começaram a chegar as igrejas pentecostais.
Em 1910, surgia no Paraná e em São Paulo a primeira igreja pentecostal em terras brasileiras, a CONGREGAÇÃO CRISTÃ DO BRASIL.
e, em 1911, dois missionários suecos fundavam em Belém do Pará a ASSEMBLÉIA DE DEUS.
Ambas as denominações logo se difundiram pelo país inteiro e ainda hoje são elas as duas maiores alas do pentecostalismo no Brasil.
Na segunda metade do século XX, a partir dos anos 50, os evangélicos pentecostais cresceram tanto e se diversificaram de tal forma, que acabaram por se tornar amplamente majoritários entre os protestantes brasileiros..
No inicio da década de 90, pelo menos um décimo dos brasileiros adultos era pentecostal (10%), ao passo que os protestantes históricos representavam apenas 3% .
Recentemente o movimento pentecostal passou a se diferenciar em dois tipos, com dois formatos básicos :
os pentecostais "clássicos" e
os "neopentecostais".
As formas de vida religiosa que mais crescem no Brasil são as igrejas pentecostais, especialmente aquelas que já se convencionou chamar de 'neopentecostais' : estas oferecem
uma forma de religiosidade muito eficiente em termos práticos,
pouco exigentes em termos éticos e
doutrinariamente descomplicada.
Os neopentecostais conservam do pentecostalismo clássico o estilo de culto fortemente emocional, voltado para o êxtase, com papel de destaque para a glossolalia, o exorcismo e o milagre, visados sempre como resultados palpáveis a ser experimentados de imediato.
Em meio à infinidade de igrejas pentecostais de tipo clássico existentes no Brasil, as maiores são :
CONGREGAÇÃO CRISTÃ DO BRASIL
(desde 1910);
ASSEMBLÉIA DE DEUS
(desde 1911);
IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR
(desde 1953);
IGREJA PENTECOSTAL O BRASIL PARA CRISTO (fundada em 1955);
DEUS É AMOR
(fundada em 1962);
CASA DA BÊNÇÃO
(fundada em 1964).
As igrejas neopentecostais mais representativas em tamanho e visibilidade, todas criadas no Brasil, são :
IGREJA DE NOVA VIDA
(fundada em 1960);
COMUNIDADE EVANGÉLICA SARA NOSSA TERRA
(fundada em 1976);
IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
(fundada em 1977);
IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA DE DEUS
(fundada em 1980);
RENASCER EM CRISTO
(fundada em 1986).