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GAARD, JOSTEIN, 1952 -
O Livro das Religiões
S.Paulo : Companhia das Letras, 2000.
Rockbund Art Museum of Shanghai :
estátua de Confúcio, confeccionada pelo artista chinês ZHANG HUAN, em silicone, aço, carbono e tinta acrílica.
GAARD, JOSTEIN, 1952 -
O Livro das Religiões
S.Paulo : Companhia das Letras, 2000.
Até 1911 a China foi uma potência imperial onde o
imperador reinava acima de tudo : era considerado o representante do país
diante do supremo deus Céu - ao
mesmo tempo era o filho do Céu na Terra.
O próprio imperador realizava o sacrifício ao Céu no
‘Templo do Céu’, em Pequim, a capital.
Fazia ainda sacrifícios às montanhas e aos rios sagrados da China.
O Império era uma sociedade hierárquica com líderes
permanentes.
À frente da administração havia uma elite de funcionários
altamente letrados, os ‘mandarins’.
Sua ideologia era o confucionismo - um
conjunto de pensamentos, regras e rituais sociais desenvolvidos pelo
filósofo K’UNG-FU-TZU (ou, na forma latina, CONFUCIUS) cujas doutrinas prevaleceram na China até a
queda do imperador PU-YI, da dinastia Manchu, que abdicou, durante uma
revolução.
Veja o filme de Bernardo Bertolucci – “O Último
Imperador”.
CONFÚCIO também
formulou normas para a vida religiosa, para sacrifícios e os rituais.
O confucionismo era uma religião estatal praticada pela
elite e pelas classes dominantes. Mas ela não se disseminou muito entre as
massas : as camadas mais amplas da população.
Assim como o imperador, em seu palácio, ficava afastado
das pessoas comuns, o Céu era remoto e impessoal para a grande massa dos
chineses pobres, trabalhadores e camponeses.
A religião dos pobres era a adoração dos espíritos,
particularmente dos antepassados - religiosidade carregada de magia e traços de
outras religiões.
As grandes potências da Europa constituíram uma ameaça
para a independência econômica e política do país, o que explica, em parte, a
tendência isolacionista e o ceticismo em face dos impulsos vindos do exterior.
Os intelectuais atacavam a religião popular, acreditando
que esta era um obstáculo para a ciência moderna e o moderno pensamento
político.
Isso levou alguns a tentarem um reavivamento e uma
modernização das antigas religiões, ao passo que outros desenvolveram um
interesse maior por idéias não religiosas vindas do Ocidente.
Em 1911 a China tornou-se uma república.
Porém as condições políticas se mantiveram instáveis por
causa de uma guerra civil e da guerra contra o Japão.
Em 1949 os comunistas tomaram o poder.
CONFÚCIO
551-479 aC.
É provável que ele tenha nascido numa família
aristocrática empobrecida.
Recebeu uma boa educação e se tornou um sábio, atraindo
muitos discípulos.
Algumas de suas interpretações da filosofia antiga e das
tradições, em especial quando ele tocava em assuntos relacionados à ética e
filosofia social, foram inovadoras.
CONFÚCIO acreditava que o
Céu o escolhera para revitalizar a cultura e a moralidade estabelecidas
pelos sagrados imperadores em tempos antigos.
Contudo, ele não organizou suas idéias em nenhum sistema
simples, nem as registrou ele mesmo, motivo
por que eles chegaram até nós apenas por meio dos escritos de seus
discípulos, que difundiram e ampliaram suas idéias.
O confucionismo acabou se tornando uma espécie de
religião estatal da China, chegando mesmo a atacar outras religiões como o
budismo e o taoísmo.
O termo abrange uma série de idéias filosóficas e
políticas que formavam os pilares do governo e da burocracia da China imperial.
Foram construídos templos em honra a CONFÚCIO e se
ofereciam sacrifícios a ele na primavera e no outono, assim como se ofereciam
ao Céu.
É típica dessa tradição sua visão política pragmática, a
educação dos filhos, o papel do indivíduo na sociedade, as regras de conduta,
etc...
Seu interesse pelas questões religiosas e metafísicas é
muito menor.
Uma das idéias fundamentais é que a natureza e o universo
estão em harmonia, e que isso deve se aplicar também ao homem.
O ‘tao’ é a harmonia predominante no universo, o
relacionamento bom e equilibrado entre todas as coisas.
Essa harmonia é um modelo para a sociedade, onde o
indivíduo deve tentar viver em compreensão e harmonia.
Isso pode ser atingido se seu ser interior estiver em consonância com o ‘tao’ - então ele encontrará o incentivo necessário, o ‘te’ : o caminho certo para a ação.
Isso pode ser atingido se seu ser interior estiver em consonância com o ‘tao’ - então ele encontrará o incentivo necessário, o ‘te’ : o caminho certo para a ação.
A fim de alcançar a harmonia com o ‘tao’, o homem precisa de conhecimento e
compreensão, o que ele pode obter estudando o passado, a tradição.
Esta ensina-lhe as regras de comportamento
correto, a celebração fiel dos rituais e das cerimônias religiosas, o seu
devido lugar na sociedade.
CONFÚCIO via o homem como naturalmente bom e pensava que
todo mal brota da falta de conhecimento.
A educação, portanto, implica transmitir os conhecimentos
corretos.
O lugar do indivíduo na sociedade é regulado por 5
relações :
entre senhor e servo,
entre pai e filho,
entre mais velho e mais jovem,
entre homem e mulher,
entre amigo e amigo.
Isso significa que
o soberano deve ser bom
e o servo deve
ser leal,
que o pai deve ser amoroso
e o filho respeitador,
o homem deve ser
justo
e a mulher obediente.
O ideal para todos os homens e os conceitos mais
importantes para CONFÚCIO são :
piedade filial,
respeito,
reverência.
CONFÚCIO não se opunha de modo algum à religião popular e
não duvidava que os deuses e os espíritos existissem.
Acreditava que um ser sobrenatural o inspirava : “O Céu deu à luz a virtude dentro de mim”.
Só que o Céu para ele não era um deus pessoal.
Ele não fundamentou sua ética em mandamentos morais
transmitidos por Deus.
O mais importante para CONFÚCIO era que os deuses deviam
ser cultuados adequadamente, que os rituais, os sacrifícios e as cerimônias
deviam ser realizados corretamente, pois isso demonstrava a piedade filial da
pessoa.
Mas ele não estava interessado em assuntos religiosos ou
metafísicos.
“Mostre respeito pelos deuses, mas mantenha-os à
distância”.
E quando lhe perguntaram sobre a vida após a morte,
respondeu :
“Quando não se compreende nem sequer a vida, como se pode
compreender a morte” ?