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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

CONFUCIONISMO -

in
GAARD, JOSTEIN, 1952 -
O Livro das Religiões 
S.Paulo : Companhia das Letras, 2000.








Até 1911 a China foi uma potência imperial onde o imperador reinava acima de tudo : era considerado o representante do país diante do supremo deus  Céu  -  ao mesmo tempo era o filho do Céu na Terra.

O próprio imperador realizava o sacrifício ao Céu no ‘Templo do Céu’, em Pequim, a capital.  Fazia ainda sacrifícios às montanhas e aos rios sagrados da China.

O Império era uma sociedade hierárquica com líderes permanentes.
À frente da administração havia uma elite de funcionários altamente letrados, os  ‘mandarins’.

Sua ideologia era o confucionismo  -  um conjunto de pensamentos, regras e rituais sociais desenvolvidos pelo filósofo  K’UNG-FU-TZU  (ou, na forma latina, CONFUCIUS)  cujas doutrinas prevaleceram na China até a queda do imperador PU-YI, da dinastia Manchu, que abdicou, durante uma revolução.
Veja o filme de Bernardo Bertolucci – “O Último Imperador”.
CONFÚCIO  também formulou normas para a vida religiosa, para sacrifícios e os rituais.

O confucionismo era uma religião estatal praticada pela elite e pelas classes dominantes. Mas ela não se disseminou muito entre as massas : as camadas mais amplas da população.

Assim como o imperador, em seu palácio, ficava afastado das pessoas comuns, o Céu era remoto e impessoal para a grande massa dos chineses pobres, trabalhadores e camponeses.
A religião dos pobres era a adoração dos espíritos, particularmente dos antepassados  -  religiosidade carregada de magia e traços de outras religiões.
As grandes potências da Europa constituíram uma ameaça para a independência econômica e política do país, o que explica, em parte, a tendência isolacionista e o ceticismo em face dos impulsos vindos do exterior.

Os intelectuais atacavam a religião popular, acreditando que esta era um obstáculo para a ciência moderna e o moderno pensamento político.

Isso levou alguns a tentarem um reavivamento e uma modernização das antigas religiões, ao passo que outros desenvolveram um interesse maior por idéias não religiosas vindas do Ocidente.


Em 1911 a China tornou-se uma república.
Porém as condições políticas se mantiveram instáveis por causa de uma guerra civil e da guerra contra o Japão.
Em 1949 os comunistas tomaram o poder.


  

CONFÚCIO
551-479 aC.
É provável que ele tenha nascido numa família aristocrática empobrecida.

Recebeu uma boa educação e se tornou um sábio, atraindo muitos discípulos.

Algumas de suas interpretações da filosofia antiga e das tradições, em especial quando ele tocava em assuntos relacionados à ética e filosofia social, foram inovadoras.

CONFÚCIO acreditava que o  Céu o escolhera para revitalizar a cultura e a moralidade estabelecidas pelos sagrados imperadores em tempos antigos.

Contudo, ele não organizou suas idéias em nenhum sistema simples, nem as registrou ele mesmo, motivo  por que eles chegaram até nós apenas por meio dos escritos de seus discípulos, que difundiram e ampliaram suas idéias.

O confucionismo acabou se tornando uma espécie de religião estatal da China, chegando mesmo a atacar outras religiões como o budismo e o taoísmo.

O termo abrange uma série de idéias filosóficas e políticas que formavam os pilares do governo e da burocracia da China imperial.
Foram construídos templos em honra a CONFÚCIO e se ofereciam sacrifícios a ele na primavera e no outono, assim como se ofereciam ao Céu.

É típica dessa tradição sua visão política pragmática, a educação dos filhos, o papel do indivíduo na sociedade, as regras de conduta, etc...

Seu interesse pelas questões religiosas e metafísicas é muito menor.
Uma das idéias fundamentais é que a natureza e o universo estão em harmonia, e que isso deve se aplicar também ao homem.

O  tao’  é a harmonia predominante no universo, o relacionamento bom e equilibrado entre todas as coisas.
Essa harmonia é um modelo para a sociedade, onde o indivíduo deve tentar viver em compreensão e harmonia.  
Isso pode ser atingido se seu ser interior estiver em consonância com o  ‘tao’  -  então ele encontrará o incentivo necessário, o  ‘te’  :  o caminho certo para a ação.

A fim de alcançar a harmonia com o  ‘tao’, o homem precisa de conhecimento e compreensão, o que ele pode obter estudando o passado, a tradição.
Esta ensina-lhe as regras de comportamento correto, a celebração fiel dos rituais e das cerimônias religiosas, o seu devido lugar na sociedade.
CONFÚCIO via o homem como naturalmente bom e pensava que todo mal brota da falta de conhecimento.
A educação, portanto, implica transmitir os conhecimentos corretos.
O lugar do indivíduo na sociedade é regulado por 5 relações :
entre senhor e servo,
entre pai e filho,
entre mais velho e mais jovem,
entre homem e mulher,
entre amigo e amigo.
Isso significa que
o soberano deve ser bom
e o servo deve ser leal,
que o pai deve ser amoroso
e o filho respeitador,
o homem deve ser justo
e a mulher obediente.
O ideal para todos os homens e os conceitos mais importantes para CONFÚCIO são :
piedade filial,
respeito,
reverência.
CONFÚCIO não se opunha de modo algum à religião popular e não duvidava que os deuses e os espíritos existissem.

Acreditava que um ser sobrenatural o inspirava :  “O Céu deu à luz a virtude dentro de mim”.

Só que o Céu para ele não era um deus pessoal.

Ele não fundamentou sua ética em mandamentos morais transmitidos por Deus.
  
O mais importante para CONFÚCIO era que os deuses deviam ser cultuados adequadamente, que os rituais, os sacrifícios e as cerimônias deviam ser realizados corretamente, pois isso demonstrava a piedade filial da pessoa.

Mas ele não estava interessado em assuntos religiosos ou metafísicos.

“Mostre respeito pelos deuses, mas mantenha-os à distância”.

E quando lhe perguntaram sobre a vida após a morte, respondeu :

“Quando não se compreende nem sequer a vida, como se pode compreender a morte” ?
 

Rockbund Art Museum of Shanghai :
estátua de Confúcio, confeccionada pelo artista chinês ZHANG HUAN, em silicone, aço, carbono e tinta acrílica.  














 
 


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